Com 250 km de fibra, MKM cresce enfrentando os desafios da cadeia de negócios do setor


A relação entre os provedores regionais de internet e as concessionárias de energia elétrica no país não tem sido das mais triviais. Para alguns, chega a ser até um tratamento discriminatório. Além da discrepância do valor cobrado pelo aluguel de postes – provedores costumam pagar dez vezes mais do que operadoras de telefonia –, atrasos na aprovação dos projetos de expansão da rede de fibra óptica de alguns ISPs têm causado entraves, prejudicando o trabalho em áreas rurais e pequenas localidades.

Esse é o caso da MKM Internet, que há seis meses aguarda o sinal verde da Celeste, a maior companhia de energia elétrica do estado de Santa Catarina, para dar andamento ao plano de implantação de rede de fibra óptica na cidade de Tubarão. Considerado o segundo centro comercial do estado, o município reúne uma população de cerca de 105 mil habitantes. Uma vez liberado o pedido, cujo atraso a concessionária atribui à “falta de braços”, a provedora, inevitavelmente, terá que enfrentar o desafio de gerenciar o alto custo do aluguel cobrado por cada poste: R$ 4,80, contra os R$ 0,40 pagos pelas operadoras.

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Trata-se de um investimento elevado, que Glauco Della Giustina Sombrio, gerente geral da empresa, preferiu não revelar. “Tem lugares que não conseguiremos chegar em função do excesso de ocupação dos postes pelas operadoras de telefonia”, conta. A empresa, sediada em Braço do Norte e com filial já instalada em Tubarão, pretende construir na primeira fase mais de 50 km de rede de fibra óptica e levar internet com velocidade de 50 Mbps ou mais para diferentes perfis de cliente: os que ainda não têm internet, os atendidos pelas operadoras Vivo e Oi e os interessados em migrar a conexão para fibra óptica.

Fôlego recuperado

Fundada há 19 anos, a MKM Internet iniciou seu negócio como provedora de internet via modem discado. Com o boom do ADSL, quando as operadoras de telefonia passaram a transmitir dados em alta velocidade via linha telefônica, a empresa perdeu praticamente todos os clientes, limitando seus serviços à autenticação de dados. O fôlego só foi recuperado a partir da oferta de conexão por rádio, principalmente em regiões onde o ADSL não alcançava.

Sua rede de fibra óptica começou a ser implantada em 2012. Hoje são 250 km de extensão que atendem a cidade de Braço do Norte, no interior sul de Santa Catarina, e mais sete pequenos municípios localizados ao redor. “Oferecemos 100% de cobertura por fibra nas regiões centrais de todas essas localidades. Braço do Norte, nossa principal região, já está com 70% de área fibrada”, explica Sombrio. Nos últimos quatro anos, foram investidos o total de R$ 1,2 milhão na ampliação de sua rede, ou seja, uma média de R$ 300 mil por ano.

São 5 mil clientes atendidos nas oito cidades de atuação, que somadas reúnem uma população estimada em 76 mil habitantes. Cerca de 90% de sua carteira de clientes são residenciais, pois há pouca instalação de indústrias nessas regiões, onde prevalecem a agricultura, a criação de gado de corte e gado leiteiro. A suinocultura local também é expressiva, representando os mais altos índices de produtividade do país. Desde que começou a operar com fibra óptica, a empresa cresce em torno de 30% ao ano, apesar da inadimplência da ordem de 20% enfrentada, no final 2016 e início de 2017. A margem agora está em torno de 4% a 5%.

Cliente conta

Em uma região onde a competição é acirrada – só em Braço do Norte há a opção de se escolher entre cinco provedoras de rede de fibra óptica – o relacionamento com o cliente conta. Aliás, é algo que a MKM Internet, mesmo considerada a líder da região, leva em extrema consideração. Para se ter uma ideia, na campanha de migração de conexão via rádio para fibra que está no ar, os assinantes mais antigos são contemplados com pacotes especiais. Um cliente de mais de 10 anos com a provedora teve sua migração, orçada em quase R$ 2 mil, totalmente bancada por ela. “Sabíamos que a migração o atenderia muito melhor”, diz.

Preço, aliás, não costuma ser seu diferencial, especialmente quando se trata de concorrência com as operadoras. “Nossos preços são justos. Mas os provedores regionais em geral levam vantagens, pois o atendimento das grandes operadoras costuma ser muito precário”, explica. Segundo ele, investir no atendimento presencial faz toda a diferença. Os clientes gostam de visitar as instalações da provedora, seja para pagar uma conta, esclarecer problemas de conexões ou entender ofertas de planos.

Como não há shopping centers e cinemas na região, a internet torna-se a principal forma de lazer e meio de comunicação da população local, consumidora contumaz de Netflix, Youtube, Instagram, WhatsApp, entre outros. Quando chove, o consumo de internet costuma crescer em torno de 20%. A demanda por banda larga de alta velocidade acaba também se traduzindo em vantagem para a provedora. Enquanto a Oi, operadora que atende a região, oferece velocidade de até 15 Mbps, a oferta maior da MKM chega a 50 Mbps, além dos pacotes de 28 Mbps, 18 Mbps e 6 Mbps.

O fato de ser a maior e a mais antiga empresa da região faz da MKM Internet referência em termos de tecnologia. Seu posicionamento institucional é reforçado também pelo apoio aos eventos de relevância realizados nas imediações, e comprometimento com a inclusão digital da população carente. Prova disso são os serviços de internet gratuita oferecidos à Casa Lar, que reúne 300 crianças de baixa renda de Braço do Norte.

Portfólio de serviços

Em seu portfólio constam as conexões por rádio e fibra óptica, servidores e hospedagem. Em 2015, lançaram serviços de VoIP, mas não foram bem sucedidos, em função da falta de aplicativos. “Os mais conectados na região usam cada vez menos telefone”, frisa. Os serviços de IPTV estão em processo de desenvolvimento, porém sem prazo para conclusão. Explorar oportunidades em IoT (internet das coisas) faz parte de seus planos futuros.

Entre seus principais fornecedores encontram-se a Cianet, que oferece equipamentos para soluções ativas, passivas e cabos; e a Furukawa, cabos e soluções passivas. Há seis meses, a provedora passou a contar com a parceria da Netflix, que enviou seus servidores para serem instalados em sua estrutura, permitindo acesso direto ao conteúdo pelos clientes, sem oscilações na rede.

A MKM Internet é uma das quatro iniciativas de negócio tocadas pelo seu fundador, que conta também com empresas de desenvolvimento de software, advocacia e uma fazenda no ramo de arroz.

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