Topografia acidentada não impede provedores de iluminar Ilhabela


Por Vera Franco

Optilink em ação

O arquipélago de Ilhabela, localizado no litoral Norte do estado de São Paulo, faz parte da região onde são encontrados os últimos remanescentes contínuos de Floresta de Mata Atlântica. São 128 km de costa, 42 praias e inúmeras cachoeiras. Trata-se de uma topografia extremamente acidentada. Mesmo com os desafios de infraestrutura enfrentados, os provedores de internet regionais têm planos arrojados de implantar e expandir redes de fibra óptica na região, ao longo deste ano. Com isso, a população, estimada em 34 mil habitantes, passa a contar com opções de serviços que abrangem desde conectividade a telefonia sobre IP e IPTV.
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A Optilink é um exemplo de marca recém-chegada ao litoral paulista. Entre rede troncal de distribuição e redes de atendimento a clientes, já foram lançadas 490km em Ilhabela. De setembro de 2017 até agora, já foram investidos R$ 2,5 milhões em desenvolvimento de projetos, aquisição de equipamentos e instalações. Um grupo de investidores nacional e com capital próprio, que há 15 anos empreende no mercado de telecomunicações, está por trás dessa operação. Tocam três empresas, entre as quais a Sudeste WZC, responsável pelo provedor Optilink, com atuação em outras cidades paulistas e também nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.

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Conforme conta Avilsom Geacetti, presidente da Optilink, a decisão de começar por Ilhabela deveu-se ao resultado da pesquisa de mercado desenvolvida pelo grupo na região, que acusou uma elevada deficiência na qualidade dos serviços de conectividade prestados e baixo atendimento aos clientes, independente do número de provedores atuantes.

Em outubro do ano passado, a Optilink iniciou a implantação de sua rede, 100% de fibra óptica, projetada para uma cobertura que se estende pelos extremos norte e sul da ilha, e também pela parte interna. Para isso, obteve o licenciamento da Electro, companhia de energia elétrica local, que liberou o uso de todos os postes.

A expectativa era de que a rede estivesse totalmente implantada no final de janeiro de 2018. Porém, a demanda da população local por internet surpreendeu e fez com que a entrega dos serviços fosse antecipada para setembro de 2017. “Temos demanda para os próximos 90 dias em clientes corporativos e residenciais. São dez equipes trabalhando de segunda a sábado”, diz. A empresa começou entregando serviços de conectividade e a previsão é de que, até março, ofereça VoIP e, em meados de junho, IPTV.

Por meio da tecnologia PON, a Optilink faz o monitoramento e o gerenciamento de toda a rede, por uma central que comunica as eventuais rupturas de cabos ópticos. Entre seus fornecedores constam a Furukawa, que oferece cabos e conectores; a Fiber Home, estrutura de OLTs e ONUs; a SIAE, rádios e enlaces para captar o sinal que entra na região pelo continente; Voip Group, nos sistemas e software para gerenciamento em telefonia; e Komp, equipamentos em telefonia.

Os planos da empresa para o litoral norte de São Paulo são ousados. Além de chegar a mais quatro cidades na região até 2019, a empresa pretende instalar um cabo aquático que sairá da Costa de São Sebastião em direção a Ilhabela. Por enquanto estão aguardando a outorga e o licenciamento, já solicitados à Anatel. Sem dúvida, a iniciativa trará melhorias consideráveis para os usuários da ilha, que volta e meia perdem a conexão em decorrência de rompimentos dos cabos.

Para se ter uma ideia, nos últimos três meses foram registrados dez casos de rompimento de cabos ópticos, muitos com até 48 fibras, especialmente na via principal de Ilhabela. Falta fiscalização e regras específicas na travessia das balsas quanto à altura dos caminhões que transportam barcos e equipamentos – estes os maiores responsáveis pelas rupturas dos cabos.

O ônus dessa falha acaba recaindo sobre o provedor. Considerando esse risco, a Optilink colocou equipes dedicadas a estabelecer o sinal em tempo hábil, sem que ocorram danos para os clientes. Porém, quando os cabos são rompidos de madrugada, a situação complica.

O rádio como opção

Equipe Linktel

Apesar das limitações de banda, o rádio é considerado por alguns provedores regionais como o meio mais fácil de enfrentar a topografia acidentada. É o caso da Linktel, que atende hoje cerca de 50% da sua carteira de clientes por rádio e os demais por fibra. A empresa chegou até a região, onde atua há cinco anos, por uma parceria com a SpeedMax – provedor local de rádio que na ocasião buscava uma empresa de peso para ampliar seus serviços. Com a aquisição da SpeedMax, a Linktel tornou-se o primeiro provedor local a entregar banda de 50 Mbps, quando o máximo oferecido na região chegava apenas a 30 Mbps.

Com sede em Barueri, no estado de São Paulo, a Linktel tem 9 mil pontos Wi-Fi distribuídos pelo país, a maioria em locais públicos como shopping centers e aeroportos. Aliás, o expertise em internet sem-fio, tido como um dos serviços estratégicos da empresa para Ilhabela, permitiu à prefeitura local, um de seus principais clientes, levar o acesso gratuito às praias do Perequê e do Engenho D’Água, no final do ano passado.

Com investimentos para este ano estimados em R$ 1 milhão voltados à implantação de rede de fibra óptica no centro da ilha, considerada sua grande área de atuação, a Linktel espera atender, até o final de 2018, 85% dos seus clientes por fibra. Isso permitirá o acesso aos serviços de valor adicionado, como VoIP e IPTV. A empresa está desenvolvendo alguns projetos para também levar fibra aos condomínios corporativos, que poderão instalar porteiras eletrônicas e Wi-Fi.

A rede de fibra da Linktel usa tecnologia GPON. A rede passiva conta com tecnologia Sumimoto e a ativa com Cianet/ Furukawa. O anel de 15 quilômetros de rede já instalados está situado entre a região de Santa Tereza e a praia de Ilha das Cabras.

De acordo com Cleber Biscassi, gerente regional litoral norte de São Paulo da Linktel, “depois da Vivo, que tem grande capilaridade em ADSL, a Linktel ocupa o segundo lugar no ranking de provedores de internet em atuação na ilha hoje”. Além da prefeitura, Ilhabela Yatch Club e o Shopping Arhentia, todos os grandes hotéis da região, compõem sua carteira de clientes. Seu foco estratégico está nos clientes corporativos e oferta Wi-Fi. Com forte atuação no centro da ilha, a meta para este ano será ampliar seus serviços para a parte sul e bairros como Nova Iorqui e Bexiga.

A Linktel está empenhada agora em trazer para Ilhabela o conceito de consumo consciente de internet. Tanto que tem incentivado os clientes corporativos a contratar o volume de banda baseada no seu pico de consumo. Mesmo que não utilizem tudo, terão sempre a garantia de qualidade e velocidade.

A falta de experiência dos usuários relacionada ao melhor uso da rede tem respondido, segundo Biscassi, por cerca de 70% dos chamados do suporte da Linktel na região. A maioria dos problemas costuma ser resolvida pelo telefone. Considerando essa realidade, as equipes responsáveis pelas novas instalações têm agora uma missão: aculturar os clientes residenciais e corporativos. “No litoral tem muito problema de energia elétrica, que oscila fora dos padrões do continente, e os usuários costumam atribuir as falhas elétricas à internet, por falta de conhecimento.”

O maior desafio da empresa diz respeito à infraestrutura. Faltam padrões na região, o relacionamento com as operadoras elétricas ainda é novo e a relação de custo versus rentabilidade com as elétricas não fecha. “Pagamos por um quilômetro de fibra o mesmo preço do que um provedor de Campinas, que concentra um número muito maior de clientes por metro quadrado. Essa relação precisa ser revista ao longo do tempo”, alerta.

O diferencial da Linktel com relação à concorrência consiste basicamente no suporte 24 horas. “Estamos no ar aos sábados, domingos e feriados, em qualquer época do ano. Outro ponto forte da empresa diz respeito à instalação dos serviços. “Não praticamos os melhores preços do mercado. Nossa força baseia-se na entrega de serviços de valor agregado e atendimento customizado”, explica.

A regional da Linktel em Ilhabela tem crescido em torno de 10% a 15% ao mês. Sua meta é chegar até o final do ano com 35 km de rede de fibra óptica instalada. O objetivo é crescer 60% e expandir sua operação para Caraguatatuba, oferecendo um mix de serviços focado no mercado corporativo e nos condomínios residenciais. Do seu portfólio de serviços constam a internet de 5 MG no rádio e banda 12, 18, 30 e 50 na fibra óptica; hot spot Wi-Fi.

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4 Comments

  1. Joao
    7 de fevereiro de 2018
    Responder

    Pessoal da redação deveria se atentar a erros banais na matéria, como POM onde o correto é PON (Passive Optical Network) e Furukawa e não Furokawa, a não ser que seja uma nova tecnologia e nova empresa, neste caso perdoem minha falta de conhecimento.

    • 8 de fevereiro de 2018
      Responder

      Valeu, João. Nós percebemos os erros depois, mas você foi mais rápido! Corrigido!

    • Hans Reiser
      10 de fevereiro de 2018
      Responder

      E tem mais: esse tal de ONV que mencionam. Não existe nenhum componente de rede óptica com esse nome.

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