As empresas especializadas na distribuição de produtos e serviços de tecnologia enfrentam uma série de desafios para garantir entregas rápidas e eficazes em um país com grandes desigualdades regionais e limitações na infraestrutura de transporte. A operação logística é especialmente sensível para empresas que fornecem equipamentos a provedores de internet, data centers, redes corporativas e instalações de infraestrutura.
A WDC Networks, que atua nos segmentos de telecomunicações, áudio e vídeo profissional, infraestrutura de redes e cibersegurança, exemplifica como o setor lida com esses obstáculos. A empresa, com sede em São Paulo e centros logísticos na Bahia e em Santa Catarina, precisou adaptar seus processos para manter a competitividade. Em 2024, a distribuidora registrou quase R$ 840 milhões em receita líquida.
Veja os cinco principais desafios apontados pelo diretor de Logística da companhia, Juranilson Santos:
1. Escassez de mão de obra
Há falta de profissionais tanto para funções operacionais – como conferentes, motoristas e ajudantes – quanto para áreas mais técnicas, como manutenção de sistemas automatizados. A formação de mão de obra especializada ainda não acompanha a velocidade das demandas do setor.
2. Distâncias e desigualdades regionais
Operar no Brasil exige enfrentar diferenças logísticas marcantes entre regiões. A WDC, por exemplo, lida com a necessidade de competir em prazos de entrega com empresas localizadas no Sudeste, região que concentra a maior parte da demanda. Para isso, investe em processos internos ágeis e parcerias com transportadoras de grande porte.
3. Limitações na infraestrutura de transporte
Modalidades como cabotagem (uso de navios na costa brasileira) ou transporte ferroviário não são viáveis para a empresa devido às características dos produtos e à falta de integração entre as redes. Já o transporte aéreo requer apoio rodoviário para alcançar os destinos finais, o que afeta prazos e custos.
4. Concentração industrial no Sudeste
A maioria dos pedidos ainda se concentra em estados como São Paulo, o que dificulta a operação eficiente nas regiões Norte e Nordeste. Isso exige maior planejamento interno para balancear os volumes de carga e evitar rotas deficitárias.
5. Logística reversa no pós-venda
Quando um produto apresenta problema, o atendimento continua após a entrega. A empresa precisa buscar o item, realizar testes e conduzir reparos ou trocas. Essa logística reversa é desafiadora, especialmente em um país com infraestrutura desigual e grande extensão territorial.
Segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), o setor movimenta R$ 192 bilhões em receita bruta operacional, e as especificidades regionais são determinantes para a eficiência das operações. Com a digitalização e a automação, cresce a necessidade de planejamento detalhado em cada etapa da cadeia logística.
No Comment