Ponto ISP

Gestão de TI em tempos de crise e o Novo Normal

Por Cyrano Rizzo* 

Quando falamos em crise num ambiente de TI, geralmente tratamos da indisponibilidade de informações ou de equipamentos. Mas, pensando sob aspectos econômicos, e mesmo encarando de frente todas as transformações provocadas pela pandemia do Coronavírus, o departamento de TI tem, muitas vezes, a resposta para superar uma crise. Seja na redução de custos e a consequente prevalência da empresa frente a uma crise financeira, ou na continuidade das atividades em meio às condições mais adversas, cabe ao TI promover as respostas que o gestor tanto procura.   

PUBLICIDADE

Sejamos realistas: existe um mundo anterior ao Coronavírus, e agora temos uma realidade que é fruto de todas as transformações provocadas pelo isolamento global. Imaginar um mundo nessas condições e sem TI seria o caos: as empresas fechariam totalmente, milhares de pessoas perderiam os seus empregos, e viveríamos, em pouquíssimo tempo, uma situação de colapso. Pegando o exemplo de um dos nossos clientes, que atua no segmento dos transportes, vemos o quão é importante ter à disposição recursos que possibilitem o trabalho remoto com segurança. Esta empresa em específico, que atua transportando alimentos congelados, conseguiu manter suas operações, garantindo o fluxo das entregas e de reabastecimento graças à comunicação por meio de tecnologias. Hoje em dia, ninguém mais neste segmento conta numa prancheta o número de caixas que entram ou que saem de um caminhão; o que torna tudo viável é a comunicação entre servidores, permitindo a entrega no local correto. 

Voltando às transformações provocadas pela pandemia, precisamos ser honestos: muita gente foi pega de surpresa. Traduzindo isso em números, constatamos que cerca de 60% das empresas brasileiras até que estavam minimamente preparadas, mas não com a capacidade necessária. Em outras palavras, os gestores estavam trabalhando num escopo de uma necessidade esporádica, que previa em média até um terço pessoas fora do escritório. E, mesmos esses que estavam minimamente preparados – ou que tinham uma estratégia de trabalho remoto -, quase ninguém imaginava que teria que atender aos clientes ou prestar seus serviços no máximo de sua capacidade. Isso chamou a nossa atenção, tanto que criamos um produto específico para o trabalho remoto, que ajuda as empresas a se adaptarem a isso. 

Dentro do que observamos, vimos que de fato havia empresas com alguma espécie de ferramenta, mas sem capacidade de suprir a demanda, bem como tínhamos empresas totalmente conservadoras, e que enxergavam a tecnologia como um “mal necessário” (não como a solução para os problemas). Aqueles que tinham uma estrutura parcialmente preparada contaram com a nossa ajuda para ganhar em capacidade, e os que ainda não estavam preparados foram ajudados por nós desde o início. O nosso envolvimento com diversas empresas durante esse turbilhão também nos mostrou que muita gente tomou decisões arriscadas por puro desespero, correndo sério risco de ter problemas relacionados à falta de segurança. O simples compartilhamento imprudente de uma pasta que não é 100% segura pode provocar incidentes graves, como o sequestro de dados, acessos indevidos e vazamento de informações. O simples fato de adotar em escala global uma ferramenta de videoconferência que não estava 100% segura, trouxe vazamentos e por consequência prejuízos. 

Uma recomendação que sempre dou é ter uma ferramenta que permita que as informações fluam dentro do processo remoto. Isso porque, no ambiente de trabalho tradicional, nós não percebemos, mas tem muitas comunicações que fazem com que esse ecossistema funcione bem, e isso acontece porque as pessoas naturalmente compartilham informações. Mas, no ambiente remoto, quando cada um está em um canto e não há tanto contato interpessoal, as interações deixam de existir. Por isso, ter uma ferramenta que nivele o conhecimento e as informações os dados, principalmente para as equipes multitask. Pegando o nosso próprio exemplo, nós já adotávamos ferramentas para compartilhar informações, e mesmo eu, que não trabalho diretamente com certas áreas, já estava habituado a acompanhar tudo pelo dashboard 

Simples, certo? Sim. Mas isso só é possível porque trabalhamos com afinco na definição de papéis e de responsabilidades. Se não for assim, o gestor se vê em uma situação dúbia, como um cachorro que tem dois donos, mas que ninguém o alimenta, nem o leva para passear. O mesmo acontece com as tarefas e demandas que não têm dono, e que não podem ficar ao vento. Ter uma estrutura gerencial, para não deixar pontas soltas, é o meio mais efetivo para atender bem aos clientes, sem deixar nada em aberto. 

Quem busca o ambiente da nuvem quer contar com facilidades, e definitivamente não quer se incomodar. Indo da infraestrutura para uma plataforma, e partindo daí para a tecnologia como serviço, quem contrata uma solução de cloud computing tem a necessidade de um investimento com foco. Não se esqueça: pessoas são um custo relevante, e se elas estão ligadas ao negócio da empresa, é a nuvem o que ajuda na redução de custos e na otimização dos recursos humanos. 


Cyrano Rizzo é CTO da Binario Cloud 

Sair da versão mobile