IA fortalece a confiança digital no setor de telecomunicações


Por Daniel Sabenca, CEO da Mobcall * – O setor de telecomunicações é um dos pilares mais estratégicos da economia digital, conectando pessoas, empresas e governos em uma rede global de comunicação e informação. Justamente por essa posição central, também é um dos mais expostos a riscos cibernéticos que ameaçam a privacidade, a integridade e a disponibilidade dos dados e dos serviços. Neste cenário, a inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma aliada operacional para assumir um papel protagonista na proteção das telecomunicações. Em um ambiente que processa volumes massivos de dados sensíveis, adotar IA com foco em segurança digital é um avanço estratégico e uma responsabilidade frente à confiança do mercado e dos usuários.

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Uma nova pesquisa da Juniper Research revelou que operadoras de telecom devem investir mais de US$ 17 bilhões em segurança de rede baseada em IA nos próximos cinco anos, com o investimento anual saltando de US$ 2,5 bilhões em 2025 para US$ 4,6 bilhões em 2029. O dado sinaliza uma transformação profunda no setor, que busca novas fontes de receita diante da estagnação dos modelos tradicionais e reconhece a segurança digital como ativo competitivo. A matéria publicada pela IPNews reforça esse movimento crescente entre operadoras e empresas de tecnologia, que têm investido cada vez mais em IA para identificar vulnerabilidades, prevenir fraudes e fortalecer a governança digital. O tema é atual e urgente, especialmente diante do aumento das ameaças cibernéticas e das exigências impostas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que traz regras rigorosas sobre o tratamento de informações pessoais.

A IA vem sendo aplicada em diferentes frentes no setor, desde a detecção de ameaças em tempo real até a automação de respostas a incidentes, passando pelo monitoramento de comportamentos suspeitos que possam indicar fraudes, como a clonagem de SIM cards ou a interceptação de chamadas, e pela adoção de mecanismos avançados de autenticação biométrica, como o reconhecimento de voz. Além disso, a inteligência artificial tem se mostrado uma aliada importante no fortalecimento da governança digital, ao automatizar processos relacionados à conformidade com a LGPD. Isso inclui desde a coleta de consentimentos até a rastreabilidade e auditoria de dados, assegurando mais transparência e controle sobre o uso das informações dos usuários.

No entanto, apesar de todo esse potencial transformador, a IA não é uma solução infalível. Sua eficácia depende de uma infraestrutura tecnológica robusta, de profissionais capacitados e de uma cultura organizacional que valorize inovação, ética e segurança. E mais: à medida que a IA evolui, ela também é apropriada por cibercriminosos, que a utilizam para desenvolver ataques mais sofisticados e difíceis de detectar, exigindo das empresas um ciclo contínuo de atualização tecnológica e estratégica. Por isso, é essencial compreender que a inteligência artificial deve ser uma extensão da inteligência humana, e não sua substituta. Cabe aos profissionais de segurança interpretar os dados, tomar decisões críticas e assumir a responsabilidade pelas respostas às ameaças.

A IA pode ampliar capacidades analíticas e operacionais, mas deve ser aplicada com transparência, explicabilidade e respeito aos direitos dos usuários. A confiança é um ativo vital no setor de telecomunicações, e a maneira como a tecnologia é empregada pode fortalecer ou comprometer esse vínculo com o público. Portanto, a segurança digital nas telecomunicações é um desafio complexo, contínuo e dinâmico, que exige uma abordagem integrada e colaborativa. A inteligência artificial pode transformar a forma como as operadoras protegem dados e serviços, mas demanda uma gestão cautelosa, estratégica e ética. O futuro do setor depende da capacidade de equilibrar inovação, escalabilidade e segurança, e a IA, quando bem utilizada, será um dos principais instrumentos para garantir esse equilíbrio e preservar a confiança em um mundo cada vez mais conectado.

*Daniel Sabença é fundador e CEO da Mobcall, empresa brasileira especializada em automação de voz e inteligência artificial. Atua há mais de 10 anos com soluções tecnológicas voltadas à experiência do cliente, vendas e atendimento, com foco em eficiência e empatia.

 

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