Por Hugo Ramos*
Para falar sobre a transformação que as redes móveis ou de telecomunicações experimentarão ao longo da nova década, precisamos levar em conta duas perspectivas distintas. A primeira é aquela relacionada às operadoras, que durante o último ano enfrentaram novos desafios, como a demanda dos seus clientes por uma largura de banda maior e a necessidade de encontrar a melhor maneira de transformar suas redes para se adaptarem à nova realidade derivada da pandemia. Tudo isto acontece ao mesmo tempo em que se preocupam em conseguir excelência operacional.
A segunda perspectiva diz respeito ao usuário que, embora sempre tenha precisado de largura de banda, agora tem mais dispositivos conectados à rede. Suas necessidades e exigências aumentaram. Hoje em dia, precisam de redes mais determinísticas, principalmente agora que novos aplicativos de jogos, educação a distância ou realidade aumentada estão chegando ao mercado e que trarão consigo novos requisitos de rede que as operadoras precisarão atender.
Deste modo, as operadoras terão que transformar suas redes para que sejam mais flexíveis. Isto quer dizer que terão que passar de provedores de serviços de comunicação que pensavam em redes baseadas em funções simples, para serem provedores de serviços digitais que utilizem plataformas de Protocolo de Internet, baseadas em software para alcançar essa excelência operacional que os usuários demandam.
O novo provedor de serviços digitais alcançará essa excelência operacional por meio de uma melhor gestão dos seus recursos, com uma plataforma muito mais acessível, flexível e com serviços on demand. Neste novo modelo, a operadora terá que manter sempre uma visão de negócios para atender mais rápido as demandas dos seus clientes e oferecer uma melhor experiência.
Desta maneira, durante a nova década veremos não apenas um aumento das demandas de largura de banda e redes com comportamento determinístico, mas também haverá a necessidade de uma latência ultrabaixa e uma rede de grande confiabilidade, mudanças estas que já podemos ver com tecnologias como o Wi-Fi 6 ou as redes 4G e 5G.
Evoluir as redes para uma plataforma de Protocolo de Internet baseada em software nos permitirá diminuir seu nível de complexidade, enquanto alcançamos maior capacidade de inovação, isto é, a capacidade de trazer novos serviços para os usuários.
Para obter o máximo proveito das redes, será necessário também contar com uma infraestrutura automatizada que forneça flexibilidade para suportar as redes baseadas na entrega de novos serviços. Será importante que os novos provedores de serviços digitais contem com o apoio de empresas de infraestrutura consolidadas para fortalecer seus data centers, que neste novo ecossistema serão a base das suas redes.
A camada física é mais crítica do que nunca, agora que os data centers permitem uma capacidade de largura de banda de até 400Gbps. Deste modo, realizar um investimento inteligente em soluções de cabeamento de cobre ou fibra óptica será essencial, pois elas ajudarão a melhorar os serviços digitais e a qualidade da experiência do usuário.
Hugo Ramos é CTO da CommScope para as regiões da América Latina e Caribe
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