Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram um modelo de inteligência artificial voltado ao setor público que garante a privacidade de dados sensíveis e a soberania digital. O trabalho recebeu o prêmio de melhor artigo no Latin American Symposium on Digital Government (LASDiGov), realizado neste mês.
A solução apresentada, chamada LLM4Gov, foi projetada para análise de documentos jurídicos e outros processos administrativos. O modelo utiliza uma técnica conhecida como teacher-student, em que um grande modelo de linguagem, o “professor”, treina um modelo menor, o “aluno”. Esse processo reduz o tamanho do sistema e seu consumo de recursos, mantendo a eficiência.
Combinado a métodos de destilação de dados, o resultado é um modelo compacto, de código aberto, capaz de rodar localmente em computadores comuns. Isso elimina a necessidade de envio de informações para servidores externos — geralmente localizados no exterior — e reduz custos, reforçando a privacidade e o controle sobre dados públicos.
O desenvolvimento integra o projeto Agents4Gov, financiado pela FAPESP, que busca criar soluções de IA específicas para órgãos públicos. Entre as parcerias já em andamento estão a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (SEFAZ-RS) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em colaboração com a CAPES.
Assinam o artigo premiado os pesquisadores Ricardo Marcacini, Jorge Carlos Valverde-Rebaza, Brucce Neves Santos e Solange Rezende, do ICMC-USP, além de Marcelo A. S. Turine (UFMS) e Silvio Levcovitz (PGFN).
Segundo os autores, o objetivo é viabilizar o uso de inteligência artificial em órgãos públicos de forma compatível com legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Regulamento Europeu de Proteção de Dados (GDPR). O modelo LLM4Gov pode acelerar a análise de processos e aumentar a eficiência administrativa sem abrir mão da segurança.
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