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CEO da Ciena está otimista com mercado brasileiro

Fernando Capella | Country Manager na América Latina e Caribe (CALA) | Foto: Divulgação
Fernando Capella | Country Manager na América Latina e Caribe (CALA) | Foto: Divulgação

Fernando Capella, country manager da Ciena, está bastante otimista com o mercado brasileiro de telecom. Diz que, se no início deste ano, deu uma parada, pela natural mudança de governo, agora, os projetos estão sendo desengavetados. E ele aponta que, não só o 5G vai consumir mais investimentos na ponta das redes, mas a demanda por baixa latência e o uso intensivo de inteligência artificial vão exigir muito mais capacidade das redes de transmissão, que ele prefere chamar de Xhaul.

Carlos Hernandes, diretor senior de Vendas Regionais, baseado em Miami, assinala ainda que, desde que a pandemia do Covid-19 modificou o comportamento da humanidade e obrigou as empresas a alterarem suas redes metropolitanas para darem conta para o repentino incremento de consumo nas residências, a Ciena passou também apresentar soluções para uso universal dos equipamentos, e não para uma ou outra geração tecnológica. E observou que uma das questões cruciais agora é fazer com que as novas tecnologias consumam menos energia.

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A seguir, os principais trechos da entrevista com o country manager brasileiro:

 O Brasil já chegou ao topo da sua expansão da banda larga fixa? 
Fernando Capella: Definitivamente, o Brasil ainda tem muito para expandir não só na banda larga, mas nos demais serviços. Porque os drivers para impulsionar esse aumento de tráfego continuam presentes.  Até um tempo atrás a gente falava muito de metaverso, e esse sim deu uma caída, mas hoje a gente fala muito de ferramentas de inteligência artificial, e essas ferramentas

demandam uma capacidade de processamento e troca de informações muito pesadas. Passam a ser um dos grandes drivers de crescimento do tráfego para qualquer tipo de serviço, seja fixo ou móvel. Há ainda o início da expansão do 5G. Obviamente, no primeiro momento existe muito mais o compromisso de cumprimento das obrigações da Anatel, mas todas as operadoras estão olhando o 5G como uma possibilidade de crescimento das receitas, ofertas de novos serviços, a expansão  para outros mercados.

O 5G vai impulsionar mais investimentos em curto prazo?

Capella: O  5G demanda uma série de investimentos na rede, não só do ponto de vista da infraestrutura móvel, na parte de RAN, mas também em toda a infraestrutura de transmissão, porque quando a gente fala em 5G, a gente trabalha com questões de latência, de tráfego, de sincronismo de rede. Quando se fala, por exemplo, de slicing, que quer dizer  fatiar, criar redes lógicas sobre essa mesma
infraestrutura, isso só se viabiliza com uma série de investimentos para se adequar a essa estrutura. A gente continua muito otimista com o mercado. De fato, no começo do primeiro semestre deste ano houve uma moderada, mas muito em função da mudança de governo. Algo natural que acaba acontecendo, mas a gente já vê o setor retomando, já vê oportunidades que antes estavam engavetadas, e que começam a sair do papel.

Entendo que o  Network Slicing vai demorar pelo menos uns dois ou três anos para se efetivar. A Ciena está indo em alguma direção para esse fatiamento na ponta?

Capella: Para as operadoras conseguirem viabilizar esse mecanismo de slicing, elas precisam que as redes de transmissão estejam preparadas para isso. Porque não adianta  implementar qualidade de serviço na parte da RAN, sem que a rede de transporte entenda esses mesmos atributos e dê o devido tratamento a essa informação. A Ciena tem todo um portfolio dedicado à implementação de rede 5G, o que a gente chama de XHaul, porque o 5G traz  possibilidades de implementação diferenciadas em termos de arquitetura. Ele vai demandar backhaul, fronthaul, midhaul, por isso, usamos Xhaul. A Ciena tem investido fortemente no desenvolvimento de soluções para atuar e ajudar as operadoras na evolução dessas redes, justamente para que possam potencializar o uso da tecnologia 5G. E aí existem algumas características que são essenciais, são críticas como por exemplo, o sincronismo. Os nossos equipamentos já tem elementos de sincronismo integrado nos nossos produtos.

Como é feito hoje esse sincronismo?

Geralmente as operadoras implementam relógios ao longo de suas redes para garantir que o sincronismo permaneça por toda a sua infraestrutura. A gente esta trazendo esse sincronismo integrado no equipamento, sem a necessidade de um elemento externo para poder
garantir esse alinhamento. A latência é outro tema bastante importante, principalmente para as aplicações com 5G para carro, cirurgia remota… Os nossos equipamentos foram desenvolvidos para garantir a menor latência nessa comunicação de pacotes. Estamos introduzindo a garantia de que você efetivamente consiga suportar as aplicações mais críticas em termos de tempo de resposta.

De que forma vocês darão essa garantia?

Capella: No primeiro semestre do ano que vem estará disponível  o WaveLogic 6,  os modens que equipam a nossa linha de transponders.  Eles permitem dobrar  a capacidade de transmissão das redes. A nossa tecnologia atual,  o WaveLogic5, permite trafegar 800G por canal. A WaveLogic 6, a sexta geração,  virá com 1.6Tbs por canal. Temos que ponderar que capacidade de transmissão é muito influenciada pelo meio físico, mas a gente imagina que as redes metropolitanas vão ser 1.6Tb por canal. Isso significa que não haveria dificuldade técnica para fazer em redes de qualquer distância.  Seria  dobrar o que temos hoje: você trafega 400G e vai trafegar 800G;  se trafega 800G, vai conseguir
trafegar 1.6Tb, e assim por diante. Outra coisa importante, é que, a cada nova geração, existe uma melhoria na eficiência espectral. O que a eficiência espectral significa do ponto de vista prático? Você consegue atingir maiores distâncias, com maiores velocidades sem a necessidade de eletrônica, sem a necessidade de regenerar o sinal ao longo do caminho.

E qual a vantagem?

Capella: Quanto menos eletrônica, menos investimento, menos despesa operacional, porque você não precisa instalar um site no meio do caminho, não precisa fazer manutenção daquele site. Então, tudo isso acaba contribuindo para reduzir o custo e para ajudar os operadores justamente nessa corrida de aumento de tráfego, necessidade de investimento e receita não necessariamente acompanhando o crescimento do tráfego.

E no mercado de rede privativa? Como estão atuando?

Capella:  Temos trabalhado em colaboração com algumas empresas. Nós, em conjunto com algumas empresas acabamos disponibilizando um laboratório de Open Ran, em Sorocaba. A gente participa com os equipamentos que trazem a solução para  XHaul das redes. É um mercado que ainda está começando, mas a gente acha tem bastante potencial.

A Ciena não abre os números por região, mas qual a expectativa do desempenho da empresa este ano?
Capella: Não divulgamos números por região, mas a expectativa da Ciena como um todo, é encerrar o nosso ano fiscal, agora, em outubro, com crescimento de dois dígitos em relação a 2023.

A região latino-americana também acompanharia esse desempenho?
Capella: Não podemos divulgar, mas  posso dizer que a região está indo bem. Há alguns anos  a gente vem crescendo, ano após ano, e o mercado continua bastante estratégico para a Ciena.

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