Faturamento das pequenas e médias empresas volta a crescer no Brasil, mas ritmo segue lento


O faturamento real das pequenas e médias empresas brasileiras voltou a crescer no terceiro trimestre de 2025, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). O avanço foi de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado, revertendo a estagnação observada no primeiro semestre.

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Apesar da melhora, o crescimento ainda é considerado moderado, refletindo os efeitos da desaceleração da economia, dos juros elevados e das condições restritivas de crédito. Esses fatores continuam pesando sobre o desempenho de segmentos mais dependentes de financiamento, como o comércio e as empresas de infraestrutura — que incluem provedores regionais de internet e serviços digitais.

A Indústria foi o destaque positivo, com alta de 7,9%, impulsionada pela produção de alimentos, bebidas e papel. O setor de Serviços também avançou, com crescimento de 1,3%, sustentado por atividades ligadas a tecnologia da informação, finanças e transporte. Já o Comércio (-2,4%) e a Infraestrutura (-4,8%) mantiveram queda, sinalizando recuperação desigual entre os setores.

“O crescimento das PMEs mostra uma recuperação gradual, mas desigual. Enquanto a indústria dá sinais consistentes de retomada, atividades mais dependentes de crédito, como o comércio, ainda enfrentam desafios relevantes”, afirmou Felipe Beraldi, economista da Omie.

No ambiente macroeconômico, o cenário segue misto. O IGP-M caiu de 8,58% para 2,82% em 12 meses, o que reduz pressões de custo. Por outro lado, a Selic permanece em 15% ao ano, limitando investimentos e consumo. O mercado de trabalho, entretanto, mostrou resiliência, com rendimento real 8,7% acima da média de 2019 e melhora gradual na confiança do consumidor, segundo dados da FGV.

Regionalmente, o Sudeste e o Sul lideraram a retomada, enquanto o Nordeste e o Norte ainda registram retração. A projeção da Omie é de crescimento de 0,8% em 2025 e 1,9% em 2026, acompanhando o ritmo mais lento esperado para o PIB.

A Reforma Tributária deve ser um novo ponto de atenção a partir de 2026, quando entram em vigor as alíquotas-teste da CBS e do IBS. Pesquisas da Omie mostram que 60% dos empresários ainda não sabem avaliar os impactos da mudança. “As PMEs precisarão reforçar a gestão e manter proximidade com seus contadores. A transição tributária exigirá planejamento financeiro e adaptação às novas obrigações”, alertou Beraldi.

Para provedores regionais e empresas de tecnologia, o cenário exige atenção à gestão financeira, busca por eficiência e digitalização de processos, fatores que podem mitigar os efeitos do crédito caro e das mudanças tributárias no curto prazo.

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