Redes neutras vão mudar foco de atuação dos ISPs, prevê IPv7


O advento das redes neutras não vai significar o desaparecimento de ISPs, pelo contrário, visto que os operadores neutros precisam dos provedores regionais como inquilinos para justificar a existência dessas infraestruturas. A avaliação é do CEO da IPv7, Droander Martins. “Podemos afirmar com toda a certeza que não existe redes neutras em todo Brasil para atender todas as localidades onde essas pequenas empresas atuam. Também consideramos que dentre os 15 mil ISPs existentes hoje, não mais de 10% estejam dispostos a embarcar nessa onda”, afirma o diretor de Operações da empresa de consultoria, Carlos Eduardo Bampi. 

-Para embasar um pouco mais o nosso entendimento que os provedores não irão desaparecer, podemos olhar para o exterior e ver o que está acontecendo, 150 provedores de internet na Itália operam sobre a rede da Open Fiber, empresa que fornece infraestrutura óptica para centenas de cidades, com capacidade de fornecimento de banda de 1Gbps para o consumidor final. Outro exemplo seria a Utopia Fiber nos Estados Unidos, que cobra atualmente 30 dólares do cliente interessado em utilizar a infraestrutura”, afirma Martins, que tem se especializado em consultoria para o tema no Brasil. 

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Para Martins, os ISPs não necessariamente precisam se posicionar apenas como “inquilinos” para os operadores neutros. “Os próprios ISPs podem começar a se estruturarem se tornar os próprios operadores neutros ou se planejarem para vender suas infraestruturas as empresas que visam este modelo de negócio”, afirma.  

Já Bampi acredita que muitos provedores já estão cogitando essa possibilidade e falando em montar redes neutras. “Porém frisamos que isso não é uma tarefa fácil, os desafios técnicos exigirão muito planejamento, esforço e investimento, mas as infraestruturas físicas são o ponto de partida. Ao nosso ver as maiores dificuldades serão os desafios fiscais, jurídicos, contábeis e o modelo de negócio em si”, observa. 

Experiência do usuário 

Os consultores acreditam que, para aqueles provedores que embarcarem nessa onda de usar a rede neutra, poderão focar a energia gasta em planejamento de expansão para clientes, produtos, experiência do usuário, serviços de valor agregado. “Estes ISPs passarão por uma transformação tanto externa pois irão se qualificar cada vez mais no atendimento ao cliente e ampliando suas zonas de atuação, quanto interna pois a empresa também passará por mudanças”, reforça Martins. 

Sob esse ponto de vista, aponta Bampi, alguns setores dentro dos ISPs que optarem por contratar a rede neutra tendem a diminuir, no mínimo irão parar de aumentar e, em alguns casos, irão desaparecer. São eles NOC, Suporte de Rede, Desenvolvimento de Projetos, Técnicos de Rede (exceto os de ativações), supervisores e Gerentes de Rede, Vistoriadores, Compras (focará em itens de última milha), Financeiro (diminuição das faturas com aluguéis de postes / Link dedicado), entre outros. 

 

 

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