Tecnologia nacional para ancorar a expansão da banda larga


Pedro Serrano – Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da DPR

Desde que passou a desenvolver seus próprios produtos, a partir de 2014, a DPR já acumula pedido de 58 patentes relativas a oito produtos e dos quais 48 já concedidos. A conquista é resultado de seus investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, que tem como carro chefe o SCO – Suporte para Ancoragem, Suspensão e Distribuição de Cabos Ópticos, que renovou o mercado de telecomunicações.

O produto acaba de ser premiado pelo 12º ENAPID – Encontro Acadêmico de Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento. Evento que marcou os 50 anos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O prêmio identifica produtos patenteados que trouxeram inovação ao mercado e foram casos de sucesso entre mais de 300 inscritos em cada um dos cinco segmentos. O SCO foi o vencedor no segmento de telecomunicações.

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A DPR foi criada em 1995 para desenvolver produtos e soluções para a construção de redes internas e externas de telecomunicações com produtos e elementos de rede passiva. Teve grande atividade em 1998, devido à privatização do setor de telecomunicações e em 2001 atuou no fornecimento para operadoras durante a “corrida” para antecipar as suas metas de telefonia fixa. No ano seguinte, a DPR abriu a unidade no Rio de Janeiro.

Até 2014, a empresa atuou como distribuidora. A sua primeira parceria internacional foi selada com a Quante Pouyet em 1998. Em 2000, passou a distribuir os produtos da Zaragoza; em 2004, da 3M e da Cornig; e em 2005 da PLP. Pedro Serrano, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da DPR, conta que essas soluções, de características de outros países, não eram adequadas para as condições do mercado brasileiro.

“Nós distribuíamos produtos dessas multinacionais parceiras e produtos nacionais e fornecíamos uma logística para todo o Brasil. Essa experiência nos possibilitou a iniciar o desenvolvimento de soluções próprias, aplicadas à necessidade do Brasil”, diz Serrano.

Ele conta que, antes do SCO, havia um sistema de ferragem para ser preso à uma braçadeira no poste de energia para fazer a ancorarem do cabo; depois havia outro sistema para fazer a passagem do cabo; e, por fim, outro suporte para a distribuição dos drops óticos (elemento da rede que liga a casa do assinante).

Eram três pontos de fixação, ocupando três espaços no poste – ancoragem, passagem e distribuição dos drops. Em 2005, saiu a Norma ABNT 15.214, referente ao compartilhamento da rede de telecomunicações no poste – definindo o ocupante (operadoras e provedores), um único ponto de fixação e a faixa de ocupação, reservando 500 mm por poste, sendo 100mm por cada grupo econômico.

SCO – Suporte para Ancoragem, Suspensão e Distribuição de Cabos Ópticos

Após extenso processo de P&D, a DPR concluiu o desenvolvimento do SCO, atendendo aos requisitos técnicos de cada aplicação – ancoragem, sustentação e distribuição de cabos ópticos – bem como a adequada operação para a realização das três aplicações em um único produto, possibilitando a utilização de um único ponto de fixação nos postes.

“Com três suportes, o poste ficava poluído. A DPR desenvolveu uma solução capaz de suportar ancoragem, passagem e distribuição dos drops no mesmo produto com um único ponto de fixação no poste, ocupando apenas 100 mm. Assim. é possível atender a cinco operadores em cada poste. Esse foi o primeiro produto que a DPR desenvolveu e depositou patente, que foi concedida em março de 2020. Já temos mais de 20 milhões de peças produzidas”, informa Serrano.

A inovação do produto SCO no mercado de telecomunicação foi um sucesso tão grande, que houve a necessidade de se confeccionar mais três ferramentas de injeção, para possibilitar o atendimento à demanda. “Quadruplicamos a nossa capacidade produtiva”, diz Serrano.

Essa inovação do SCO impulsionou a DPR na implantação de uma área de P&D, que atualmente conta uma equipe de dez profissionais dedicados para produtos de telecomunicações. Nesses cinco anos de P&D, foram depositados 58 pedidos de patentes relativos a oito produtos, como o SRDO, sistema de retenção do drop ótico, que também teve extensão internacional da patente para Europa, Canadá, Ásia e EUA, que já concedeu a patente do produto.

“O SCO foi o início de tudo. Em 2020, com três novos projetos, geraremos pelo menos dez novos pedidos de patentes. É um marco, uma empresa nacional conseguir quase 60 pedidos de patentes em cinco anos. Nossas caixas de emenda ótica, caixas terminais óticas e todo o sistema de fixação e retenção dos cabos na rede são patenteados. Dos 58 pedidos, 48 já foram concedidos e apenas 10 estão em análise. Temos de ter, no mínimo, dois produtos que geram patentes por ano”, comemora Serrano.

As inovações são produzidas em parceria com o inventor Valcir Fabris, que atua no desenvolvimento conjunto de Projetos P&D.

Embora o SCO tenha sido desenvolvido com recursos próprios, a partir de 2017, alguns projetos passaram a ser incentivados pela Lei de Informática. Agora que a empresa já passou de R$ 30 milhões de faturamento com produtos incentivados, há a contrapartida de investimentos de 4% no Norte, Nordeste e Sudeste em instituições privadas e públicas. “Estamos com um projeto na Universidade Estadual do Ceará, para implantar um Centro de Capacitação e Treinamento para redes GPON”, anuncia Serrano.

Ele destaca que os investimentos em P&D multiplicaram o faturamento da empresa. Em 2017, a DPR faturou R$ 4 milhões com produtos incentivados. Em 2018 o valor passou para R$ 40 milhões. “Em 2020 a empresa vai faturar aproximadamente R$ 50 milhões em produtos incentivados.”, afirmou.

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